quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Aproximações entre o movimento feminista e o antimanicomial

“Hospício é esse branco sem fim, onde nos arrancam o coração a cada instante, trazem-no de volta, e o recebemos: trêmulo, esvaziado de sangue – e sempre outro”, a frase de Maura Lopes Cançado parece descrever a mutilação do circuito de desejos e afetos das mulheres internadas em manicômios brasileiros no início do século XX. Se o coração bombeasse muito sangue, reativando o fluxo de desejo e vida, a instituição intervinha, e violentamente.

“Há quatro anos, separou-se do esposo, alegando incompatibilidade de gênios; os irmãos estranharam tal procedimento, mas a observanda não lhes deu maiores explicações, procurando, desde então, viver separada de todos da família. Vivendo de seu trabalho numa repartição pública, a paciente raramente visitava os parentes, mas esses, já de algum tempo, vêm notando que as suas ideias não se achavam perfeitas.” (Prontuário de M. de P. apud VACARO, 2011, p.55)

Os prontuários de mulheres internadas no Hospital Nacional de Alienados e no Sanatório Pinel mostram que muitos diagnósticos se apoiavam fragilmente em discursos de familiares ou em comportamentos então considerados desviantes dos estereótipos de gênero. Como o caso de M. do C., internada por ser por ser considerada “de gênio independente” e ter uma “inclinação amorosa que contrariava a vontade da família” (VACARO, 2011). Pode-se perfeitamente questionar as relações entre poder manicomial e outras formas de poder – como, por exemplo, o poder patriarcal. Se os mecanismos de poder trabalham de modo a esconder seu próprio funcionamento, analisar esses mecanismos e os meios através dos quais tornam sua própria existência invisível é fundamental para produzir técnicas de resistência.

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Artigo destaca a importância de abordagem multiprofissinal na atenção à saúde mental das mulheres

Em seu blog, o médico psiquiatra Deyvis Rocha traz artigo do colega Joel Rennó, psiquiatra, coordenador do Programa de Saúde Mental da Mulher, o ProMulher, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas – IPq-HC, de São Paulo, que fala das especificidades da saúde mental das mulheres e da necessidade de uma abordagem multiprofissional, em vista das inter-relações biopsicosociais entre o mal-estar psíquico das mulheres, sua saúde física e suas condições materiais e sociais de vida.

Entre os pontos abordados por Rennó, até mesmo a diabetes, uma doença com grande prevalência entre mulheres de meia idade e idosas, pode ser decorrência de alterações metabólicas provocadas por estresse crônico. Leia na íntegra o artigo aqui

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Coletivo Feminino Plural e Núcleo de Estudos da Prostitução realizam sessão de Um Beijo para Gabriela

A Ong Coletivo Feminino Plural e o Núcleo de Estudos da Prostituição (NEP) promovem, na terça-feira (8), a partir das 15h, a exibição do filme Um Beijo para Gabriela, que segue de perto a campanha para deputada federal, em 2010, de Gabriela Leite, a primeira prostituta de quem se tem notícia a concorrer a um mandato no Congresso Nacional brasileiro. A sessão faz parte da campanha 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres, cuja agenda completa pode ser conferida no site do Coletivo Feminino Plural.
Serviço:
Filme: Um beijo para Gabriela
Diretora: Laura Murray.
Local: Espaço de Direitos Gabriela Leite - Andradas, 1560, 6º andar. Centro de Porto Alegre.
Dia: 8 de dezembro de 2015 (terça-feira)
Horário: 15 horas

Assista ao trailer aqui.

terça-feira, 3 de novembro de 2015

EXIGIMOS PUNIÇÃO AO ATAQUE POLICIAL CONTRA FEMINISTAS EM FEIRA DO LIVRO AUTÔNOMA

Coletivo Feminino Plural, entidade integrante da Rede Nacional Feminista de Saúde Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos e do Consócio Nacional de Redes e Organizações para Monitoramento a Cedaw, participou ativamente, através do seu Ponto de Cultura Feminista Corpo Arte e Expressão, 1a Feira do Livro Feminista Autônoma, atividade que ocorre em paralelo à Feira do Livro de Porto Alegre. O objetivo desta FLIPEA é difundir a produção cultural e artística feminista, que na maioria das vezes não se insere no mercado editorial. Em razão desse pertencimento na atividade cultural, e por considerar que nenhuma violência contra as mulheres pode ficar impune e deve servir de alerta ao caráter patriarcal e machista da sociedade e do estado brasileiros, vem a público solidarizar-se com aquelas mulheres atacadas na noite de ontem, 1o de Novembro último, quando promoviam atividades culturais na Praça João Paulo, em Porto Alegre. E também denunciar e exigir de autoridades de todos os níveis, providências para a responsabilização dos autores das agressões, policiais militares integrantes da Brigada Militar do Rio Grande do Sul.

Seguindo o roteiro do relato elaborado pelas mulheres diretamente atingidas pelo ato selvagem, desde o início da Feira ocorreram perseguições e agressões machistas e de caráter fascista, como ameaças, provocações e presenças hostis na Praça, que foram constatadas e enfrentadas a cada momento. Nós, do Coletivo Feminino Plural, fomos testemunhas dessas provocações. Na noite de 1o de novembro, entretanto, as ameaças se concretizaram.

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Mais um material do Projeto Girassóis está à sua disposição

O filme “O que há de errado com ela?”, de Mirela Kruel, foi elaborado com base nas discussões e nos relatos colhidos durante o projeto Girassóis, coordenado pela Ong Coletivo Feminino Plural. A obra é fruto dos estudos da relação entre desigualdade de gênero e saúde, com enfoque voltado para novas abordagens sobre saúde mental e linha de cuidado.
O filme foi exibido ao final do projeto em Canoas e no lançamento do Grupo de Estudos Feministas e de Gênero do Coletivo Feminino Plural em Porto Alegre. Tanto o vídeo quanto o livro são produtos do projeto Girassóis, realizado em convênio com a Secretaria de Políticas para as Mulheres - Presidência da República e emparceira com a Rede Feminista de Saúde, Prefeitura Municipal de Canoas, e o Centro de Referência de Atendimento a Mulher Patrícia Esber, de Canoas

Ficha Técnica: 
Roteiro, direção e produção: Mirela Kruel
Produção: Fabiano Florez
Participação de: Janaina Kremer
Direção de fotografia: Francisco Alemão Ribeiro e Joba Migliorim
Montagem: Thaís Fernandes
Música: Mônica Salmaso
Ano: 2015

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Leia nosso livro Gênero e Saúde Mental: novas abordagens para uma linha de cuidado

O livro Gênero e Saúde Mental: novas abordagens para uma linha de cuidado está disponível para leitura online e download aqui! A edição impressa foi lançada no dia 30 de setembro em Porto Alegre. Agora, todas e todos têm acesso à edição virtual da coletânea de textos organizada pelo Coletivo Feminino Plural.

A publicação traz parte dos aprendizados e dos resultados obtidos com a implementação do projeto voltado à elaboração de uma proposta de linha de cuidado em saúde mental com perspectiva de gênero para o município de Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. A iniciativa é um convite à reflexão e à adoção de novas abordagens na atenção à saúde mental das mulheres.

Gênero e Saúde Mental: novas abordagens para uma linha de cuidado
Autoras: Telia Negrão (org.), Regina Vargas (org.), Leina Peres Rodrigues (org.), Jessica Pereira da Silva, Maria José de Oliveira Araújo, Tereza Cristina Bruel dos Santos e Carolina Mombach
Número de Páginas: 152 p.
Formato: 14cm X 21cm
ISBN: 978-85-69792-00-0

terça-feira, 6 de outubro de 2015

Evento marca lançamento do Grupo de Estudos Feminino Plural e publicação do Projeto Girassóis

Cerca de 60 pessoas participaram, na quarta-feira passada  (30 de setembro) do lançamento do livro “Saúde mental e gênero, novas abordagens para uma linha de cuidado”, organizado pelo Coletivo Feminino Plural. O evento, realizado no Clube de Cultura de Porto Alegre, marcou também o lançamento do Grupo de Estudos Feministas e de Gênero e a abertura das inscrições para esta nova frente do Coletivo Feminino Plural ao se aproximar dos 20 anos.
Durante a reunião de mulheres de diferentes idades, etnias e regiões de Porto Alegre e de Canoas, Luisa Gabriela e Carolina Pommer, coordenadora e integrante do comitê-gestor do Ponto de Cultura Feminista: corpo, arte e expressão, respectivamente, e Vanessa Silva, do Coletivo Feminino Plural, realizaram uma performance criada especialmente para a noite.
Após, a médica baiana especialista em saúde da mulher, Maria José Araújo, coonsultora do Projeto Girassóis, falou sobre a sua trajetória no movimento feminisma, as dificuldades ao escolher se dedicar à saúde mental da mulher e apontou alguns dos entraves para que o feminismo avance, dentre eles a busca por autonomia e a constante cooptação da sua pauta por outras instâncias. "Ainda assim, o movimento feminista é dos mais avançados, por questiona o patriarcado e o capitalismo e seu ideal de prazer", defendeu.
Durante a apresentação da publicação, a integrante da Rede Feminista de Saúde e Direitos Sexuais e Reprodutivos e coordenadora do coletivo, Télia Negrão, lembrou da importância de se ter políticas voltadas especificamente para as mulheres.
O filme “O que há de errado com ela?”, de Mirela Kruel, feito com base nas discussões e nos relatos colhidos durante o projeto que estudou a relação entre desigualdade de gênero e saúde foi exibido ao final.Em breve, livro e filme estarão disponíveis à população em geral.
As inscrições para o grupo de estudos podem ser feitas na sede do Coletivo Feminino Plural (Rua Andrade Neves, 159- cjs 84 e 85 – Porto Alegre). Mais informações pelo telefone (51) 32215298.
Mais fotos na nossa galeria.