Mirela Kruel e Tânia Cunha |
Para Tânia Cunha, uma Mulher da Paz que atua direto na comunidade de Canoas, e que respondeu "não" ao ser questionada, tem consciência de que a sociedade cobra o "estar sempre bem". No entanto, ela sabe que o tema da saúde mental não é de fácil abordagem porque falar sobre isso com mulheres sempre remete à loucura. E a primeira coisa que as usuária evitam é serem chamadas de loucas sempre que se queixam de algo. Por isso, a abordagem deve ser muito sutil. " O que a gente faz são ações em que distribuímos a cartilha e fazemos essa pergunta. E a partir disso a gente inicia uma conversa que as deixa animadas para falar sobre esse tema que não é muito discutido. Elas têm a consciência de que ao queixar-se da vida logo são chamadas de louca e para evitar este estigma, silenciam", conta.
Cris Bruel |
Já a psicóloga do projeto, Cris Bruel, quando questionada sobre como a saúde mental e as questões de gênero se cruzam, respondeu que a diferença entre sexo implementa a relação de desigualdade a partir das diferenças e, a partir daí em função das relações assimétricas que se estabelecem põe em xeque a questão da saúde mental das mesmas. Infelizmente vivemos numa sociedade que responsabiliza totalmente a mulher no âmbito familiar, ou seja, ela é responsável pela educação dos filhos, tarefas domésticas, entre outros configurando assim a chamada tripla jornada. Além disso, quando sai para trabalhar, mesmo tendo a mesma formação profissional que o homem e assumindo os mesmos postos de trabalho, recebe menos por isto. Um outro dado da diferença entre mulheres e homens é que a mulher enfrenta também um universo cheio de estereótipos sobre a imagem feminina. A partir disso se percebe que as relações de gênero são cercadas por muitas questões que se interpõe à saúde mental das mulheres. Segundo Cris Bruel, é necessário desconstruir o mito de que devemos estar sempre bem, sempre dar conta de tudo, fazer mil coisas e além de tudo cumprir com os padrões de beleza impostos pelos meios de comunicação. Considera além disto que é importante trazer à tona a voz destas mulheres silenciadas durante anos a fio.
Sara Cogo |
Além das duas atuantes no projeto citadas acima, participaram da gravação: a médica Mazé Araújo; a coordenadora da Saúde Mental de Canoas, Sara Cogo; a assistente social do CRM, Greice Cavalheiro e a coordenadora do Projeto Girassóis, Regina vargas.
Gostaria de saber o que cada uma dessas mulheres falaram sobre os outros
temas que nortearam o vídeo? Aguarde. Em junho ele será lançado no
seminário, dia 11 de junho.
No comando das cenas esteve a diretora de filmes, criadora de imagens e
jornalista, Mirela Kruel que tem na sua bagagem de experiência filmes
que foram premiados em festivais importantes no Brasil entre eles: Palavra Roubada, Nordeste B e Trilhos e Um poema incurável.
A gravação dos depoimentos foi realizada na Casa das Artes Villa Mimosa, um espaço artístico da cidade de Canoas.
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